Pecuária: Onde estamos e para onde iremos?

A atividade pecuária no Brasil, é a mais comum das dezenas das atividades produtivas desenvolvidas no campo. Somos o maior exportador de carne bovina do mundo, temos volume, qualidade, alimento com processos seguros e confiáveis, e o melhor, a um preço extremamente oportuno. Disparadamente, isso faz a nossa carne bovina brasileira ter o melhor custo benefício do mercado internacional. Tudo isso se deve há vários fatores: grande potencial brasileiro de produzir carne a pasto, longas extensões de terras baratas com diversidades de forrageiras tropicais e temperadas, alta produtividade de grãos à custo baixo para suplementos e confinamentos, ao persistente e bravo produtor brasileiro e ao Nelore nacional, hoje considerado mundialmente o melhor trabalho genético das raças zebuínas.

A fantástica raça Nelore, chegou ao Brasil, na década de sessenta, pelas mãos de alguns importantes zebuzeiros como os Srs. Nene Costa e Celso Garcia Cid. Observem de lá pra cá como melhoramos. Desenvolvemos e selecionamos características de produtividade, beleza racial, funcionalidade, precocidade, habilidade materna, etc. Nosso gado melhorou absurdamente, conseguimos transformar um animal bravio de pouca musculatura, que produzia pouco leite, que criava mal um bezerro, de baixa precocidade, em um bicho produtivo, de alto rendimento de carcaça, de boa performance muscular, dócil, fértil e precoce. Pensando que o bovino tem um intervalo de gerações de 4,5 anos, promovemos uma rápida mudança em pouco mais de 10 gerações. Esse tempo para desenvolvimento genético é muito pequeno, mas o trabalho foi exemplar, mesmo selecionando características de média a baixa herdabilidade como fertilidade e precocidade sexual.

Somos o maior exportador de carne bovina do mundo

Porém, ainda temos muitos entraves produtivos. Nosso desfrute ainda é muito pequeno, cerca de 22%, isso nos incomoda. Índices de prenhes baixos para tanta seleção em fertilidade. Peso ao desmame que muito pouco evoluiu, grande ineficiência de gestão e baixo controle de processos, custos e índices. Temos que evoluir urgentemente a exemplo do desenvolvimento genético, e o que me deixa mais tranquilo nessa hora, é que temos muita condição e com bem pouco chegaremos. A exemplo, uma fazenda de 1000 hectares de pasto com 1000 vacas em reprodução, produzindo 800 bezerros ao ano, tem seguramente um capital investidor de 10 milhões de reais. É um bom dinheiro e precisa ser muito bem administrado. Será que a maioria faz isso com maestria?

Felizmente, nossas terras nunca deixaram de valorizar, sejam elas para a lavoura ou pecuária. Isso é sinal que o mundo de 9 bilhões de pessoas nos próximos anos precisará de nossa atrativa produção. Aliás, isso que muitas vezes nos deixa confortáveis e pouco incomodados com o baixo  incremento na produtividade e consequentemente na rentabilidade. A valorização da terra corrige erros e suprime financeiramente a baixa eficiência do processo produtivo. Podemos continuar pensando assim, mas não podemos deixar de investir na produtividade para garantir ganhos, entretanto esse é o mais seguro e palpável em épocas de dinheiro caro.

Para finalizar, mensurem, analisem e calculem. O achismo pode ser seu maior erro. Nosso potencial é imenso, aproveitem o sucesso ele está em nossas mãos. Acreditemn o seu próprio negócio, afinal, boi é bonito, prazeroso e imaginem dando dinheiro em terras em continuas trajetórias de valorização.

Marcelo Dominici, médico veterinário, especialista em nutrição de ruminante, responsável técnico e comercial da Premix no sul do Tocantins!

 

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