Sendo o maior exportador mundial e o segundo produtor mundial de carne, atrás apenas da Índia. Apesar deste destaque quantitativo, chamam a atenção os baixos índices reprodutivos e de produtividade. 

A fertilidade é inquestionavelmente uma das mais importantes características a ser considerada, tanto nos sistemas de carne quanto nos de leite.

Economicamente, o mérito reprodutivo é cinco vezes mais importante para o produtor de bezerros do que o desempenho no crescimento e dez vezes mais importante do que a qualidade do produto.

Vários fatores vêm sido apontados como responsáveis pela baixa eficiência reprodutiva nos rebanhos de corte em regime extensivo.

Entre estes, foram citados: baixa qualidade de solos e pastagens, aspectos sanitários insatisfatórios, manejo ineficiente, componentes genéticos.

No contexto dessa realidade em nossa pecuária, o manejo reprodutivo assume relevante papel na tentativa de elevar os índices de fertilidade nos rebanhos.

Cabe destacar a avaliação andrológica de touros a campo como uma prática que assume papel importante, uma vez que contribui para a seleção de animais com padrões reprodutivos morfofuncionais normais, visando à melhoria da fertilidade dos rebanhos.

No Brasil a maioria das vacas é coberta com monta natural em regime extensivo, fato este que coloca em destaque a avaliação andrológica completa dos touros usados a campo, haja vista a participação genética quantitativa dos touros no rebanho.

O exame andrológico contribui diretamente para o diagnóstico das afecções reprodutivas e das condições de maturidade sexual e reprodutivas dos touros.

A realização do exame andrológico tem como princípio fundamental caracterizar o potencial reprodutivo dos touros e deve atender ao diagnóstico da vida sexual, saúde hereditária e saúde reprodutiva tanto no aspecto de monta natural (potentia coeundi) quanto na capacidade fecundante (potentia generendi).

O exame andrológico deve ser indicado nas relações de comercialização de reprodutores, de histórico de infertilidade individual, na ocorrência de falhas reprodutivas no rebanho e na preparação de touros antes da estação de monta.

Deve ser realizado num ambiente adequado e seguro, não só para o veterinário como também para o animal, de preferência num tronco de contenção próprio para bovinos seguindo os princípios gerais da semiotécnica.

O exame deve ser rigoroso e criterioso, devendo cumprir as diversas etapas que o compõem.

* Identificação do animal;

* Exame clínico com anamnese, condição corporal (score), exame das genitais e testículos, comportamento sexual e avaliação do sistema locomotor.

* Espermiograma contendo método de colheita, método de avaliação, as características físicas do ejaculado e morfológicas do sêmen.

Espermiograma ou exame do sêmen deve ser realizado de forma criteriosa e sistemática e consiste na avaliação macroscópica: volume (ml), aspecto (soroso, soro-leitoso e leitoso), cor (branco ou amarelo); e avaliação microscópica: turbilhonamento ou motilidade massal (0-5), motilidade individual progressiva (0-100%), vigor (0-5), concentração espermática (sptz/mm³) e morfologia espermática (defeitos maiores e defeitos menores).

O exame funcional inclui o teste de libido, que expressa as diversas reações comportamentais durante o cortejo sexual e a cópula.

A capacidade de serviço representa o número de montas efetuadas por um touro, de forma individual ou competitiva, num período de 10 minutos. Este exame apresenta grande importância na avaliação dos reprodutores associados com os resultados da classificação andrológica para caracterizar o chamado potencial reprodutivo (PR).

E por último não menos importante os exames complementares que incluem os exames sorológicos e a identificação laboratorial de agentes infecciosos e parasitários que acometem os bovinos, a exemplo de brucelose, tricomonose e outras.

A realização dos exames andrológicos satisfatórios possibilitará a seleção de reprodutores aptos ao bom desempenho reprodutivo, obtendo-se, com isso, melhores taxas de fertilidade nos rebanho.

Touros selecionados com bom potencial reprodutivo cobriram maior número de fêmeas, sem comprometer os resultados de fertilidade, trazendo assim, melhores resultados econômicos para os criadores.

Pedro Paulo e Glaucia Gusmões

Meds. Veterinários